sábado, 12 de março de 2011

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Salesópolis, São Paulo, Brasil, 12 de outubro de 2011

Em 2001, quando eu cursava o primeiro ano colegial (ensino médio), uma coincidência me acompanhava: sempre que algo importante acontecia em minha vida – como um primeiro beijo, um início de namoro – estava chovendo, ou tocando em algum lugar aquela música “Have You Ever Seen the Rain?” de uma das minhas bandas favoritas, o “Creedence Clearwater Revival”.

Naquele dia, em Salesópolis, eu posso dizer que aconteceu algo importante.

Garoava quando eu resolvi subir até o ponto mais alto de um morro que havia no sítio. O sítio, na verdade, está encravado num vale, onde há também uma represa. Lá do alto eu podia ver boa parte da extensão do lugar: podia ver a casa grande, onde vivia o dono e sua família, podia ver a casinha onde estávamos hospedados eu, o Nego e os amigos dele, o curral das vacas, o lugar onde ficavam as cabras e o pequeno lago artificial onde o Régis adorava pescar.

Alguns personagens importantes e famosos na história humana receberam “revelações” em morros, montes ou montanhas, reais ou alegóricos, como Moisés e Martin Luther King Jr. Naquele dia eu tive uma "revelação" também, e ela chegou até mim através de algumas palavras do Nego.

- Cara, olha pra tudo isso! Olha a perfeição da natureza, de todas as coisas! Não tem como não acreditar na existência de um ser que tenha criado o mundo. É tudo muito bem bolado pra ser obra da casualidade... - falo.

- Meu, você fala mais em Deus que muito crente que eu conheço!

- Hehehe... - sorriso amarelo.

- Sério! Você seria um exemplo de crente.

- Hahaha! Duvido! Por mais que eu siga tentando ser uma pessoa melhor, eu ainda tô muito longe de ser um exemplo pra alguém. E você, como poucos, sabe disso.

- Mas é isso que importa! Tentar! O pessoal que tá na igreja sequer pensa em tentar ser uma pessoa melhor. Pelo menos não com sinceridade e esforço.

- É isso que eu não entendo na igreja! Tipo, o pessoal fala nisso o tempo todo, mas não transforma a palavra em ato.

- Não é bem assim...o pessoal que vai à igreja está tentando. Acontece que eles, assim como nós, são imperfeitos. A igreja é feita de e para gente imperfeita, e essa é sua razão de ser.

- E você não pensa em voltar pra igreja?

- Não...acho que fica na igreja quem ainda precisa dela pra praticar a fé. Quando as pessoas aprendem a praticar a fé sem precisar da igreja, elas acabam se afastando, pois o local (o símbolo) não é mais necessário para chegar a Deus...

- Nunca tinha pensado assim...

De fato, praticar a fé é algo muito difícil, e sem dúvida alguns símbolos como lugares, imagens e mesmo rituais são coisas que auxiliam essa prática. Ter fé em algo concreto é mais fácil, talvez esse seja um primeiro estágio no “ter fé”.

Se a razão de ser da igreja é auxiliar as pessoas imperfeitas (como todos somos) a ter fé, e por meio da fé tornarem-se pessoas melhores, não podemos esperar que a própria igreja seja perfeita. Tampouco podemos ignorar o bem que a igreja faz na vida das pessoas. Sim, eu sei que faz mal também. Mas eles estão tentando, melhor que criticar fazendo do movimento da língua afiada a única ação para melhorar o mundo.

Penso que a igreja precisa, novamente, ser reformada, reinventada, mas não eliminada. O exercício da fé e da espiritualidade foi e sempre será necessário na vida do homem.

2 comentários:

  1. Olá Robson!
    O Universo é tão grande e com tantos mistérios que ainda somos muito 'pequeninos' diante de tudo. Precisamos ver para crer e não valorizamos ou acreditamos no 'sentir' que é tão mais forte. Creio em um Deus único que está em toda parte, inclusive dentro de nós, está no mar, no vento, em um olhar, em um sorriso...
    Mas na nossa imperfeição precisamos 'ver e tocar' algo para crer em algo. Por isso os templos, igrejas etc.

    Ouvir o que diz aquela 'vozinha' dentro de nós é o caminho.
    Fiquei reflexiva...

    Beijos
    Patty

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  2. Ae Robsaun cê tah com cara de pastorrr.... xiiiiiiiiii... jisuis....
    MarceloPai

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