terça-feira, 15 de março de 2011

052

São Paulo, Brasil, 30 de abril de 2010

Sem conseguir dormir, depois de uma noite de emoções intensas, eu observava o Nego dormindo no sofá, enquanto ouvia John Mayer no fone de ouvido e escrevia sobre o que havia vivido horas antes, no Shopping Bourbon (São Paulo capital, Brasil):

Surpresas

Ontem me surpreendi. Surpreendeu-me notar o quanto a vida pode ser complicada. Surpreendeu-me notar o quanto podemos complicar a vida. Acima de tudo, me surpreende o quanto é bom levar uma vida complexa. Dói, mas faz crescer. Não é surpresa pra mim o fato do crescimento vir acompanhado da dor, ou vice-versa (não importa), tampouco o fato d'eu estar acostumado com tudo isso. Não é mais surpresa o fato d'eu saber lidar com tudo isso – eu cresci.

Não fiquei surpreso porque existem pessoas como eu. Fiquei surpreso por me conhecer à ponto de ver-me nestas pessoas e, por isso mesmo, saber exatamente o que fazer. Fiquei surpreso por ter feito o que tinha de fazer. Fiquei surpreso por ter feito direito. Fiquei mesmo muito surpreso ontem.

Ontem me surpreendeu o amor. Ele esteve ali conosco, suspenso no ar. Na verdade parecia uma outra pessoa ali com a gente, o amor. Surpreendeu-me o fato de nunca tê-lo notado, pois eu sei que ele sempre esteve ali. Eu sou o amor. “Alguém” precisou me dizer isso pra que eu entendesse o que acontece aqui dentro. Isso não me surpreendeu: é muito mais fácil a gente se conhecer quando ouvimos – de verdade – o que os outros têm a dizer.

Aquele momento me surpreendeu. Na verdade, estou surpreso até agora. Me surpreende – e muito – o fato d'eu não encontrar palavras pra descrever tudo aquilo. Como eu poderia? O adjetivo mais próximo que posso encontrar agora é *mágico*. Aquele momento, ontem, foi mágico. Nós três ali, eu, ela e o amor – uma trindade perfeita. Um uníssono perfeito.

Há pouco tempo, surpreendeu me notar o quanto os caminhos tortuosos da vida parecem meticulosamente planejados por uma inteligência superior. Chega uma hora em que todas as voltas começam a fazer sentido, pois o fato de um caminho ser o mais curto não quer dizer que seja o melhor.

Surpreendeu-me notar como certas coisas – aquelas verdadeiras – sempre farão parte de nossa vida. Estas coisas são como a velocidade da luz, mais fortes que o tempo e o espaço. O amor é uma coisa destas, com certeza!

Nossa cumplicidade não me surpreendeu. Não ontem. Há 10 anos foi uma surpresa – não mais. Nossa sinceridade também não me surpreendeu – isso nem há 10 anos. O que me surpreendeu ontem foi a conexão. Não por ela existir entre a gente, mas por existir algo assim. A gente sempre imagina que duas pessoas possam conectar-se desta forma, assim como sempre imagina que Deus existe. Experimentar isso é que surpreende.

Meu ritmo é descompassado e o dela também – isto não é surpresa. Mas os dois formam uma polirritimia perfeita – isto também não é surpresa. Ontem fiquei triste com ela, fiquei feliz com ela, fiquei triste por ela, fiquei feliz por ela. Pude – e posso – sentir sua dor, a ponto de pedir pelo amor de Deus: pare de fazer-nos sofrer. Pude – e posso – sentir sua paixão, a ponto de pedir pelo amor de Deus: viva esta paixão! Nossa! Isso me surpreendeu.

Então assim é amar alguém de verdade – quando nada é tão importante quanto a felicidade da pessoa amada, mesmo que não seja você a trazer esta felicidade. Esta felicidade que só a paixão traz. Que se dani quem traz a paixão, o importante é que ela está apaixonada – está viva! Isto pode ser surpreendente pra quem lê este texto, mas pra mim não é. O amor é mais forte que o tempo e o espaço. Viva o que tiver de viver, e volte pra mim quando estivermos prontos para jamais nos separarmos. Uma união perfeita é o que eu espero, e por isso posso esperar a vida toda!

Ontem surpreendeu-me notar o quanto eu cresci, o quanto me tornei forte, o quanto me tornei sábio. Mas não me surpreendeu notar o quanto tenho de crescer, o quanto tenho de ser forte, o quanto tenho de adquirir sabedoria.

Ontem me surpreendeu, acima de tudo, notar que o amor verdadeiro – verdadeiro de verdade! - existe mesmo, que é visível, palpável. O que não me surpreendeu nenhum pouco foi notar que este é o amor que sentimos um pelo outro.

Amo você.

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